Aniversário
211 anos de Pelotas: a cidade pelo olhar das crianças
Apontadas como foco do Município para políticas públicas, elas trazem ao DP duas impressões sobre a cidade, suas qualidades e o que querem para o futuro
Fotos: Carlos Queiroz -
"Eu não penso em sair daqui tão cedo. Eu amo Pelotas. Desde que eu era pequena, tenho muitas lembranças aqui, mas acho que tem que diminuir os buracos da rua. Tem muito buraco." É assim que Emilly de Lima, aluna de dez anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Olavo Bilac, resume o que pensa sobre a cidade em que vive. Em homenagem aos 211 anos do Município, comemorados hoje com o tema "Construindo uma Pelotas das Crianças", o Diário Popular abre espaço para elas, personagens do presente e do futuro, como Emilly, digam o que pensam da sua cidade e o que esperam para o futuro.
Os pequenos alunos da turma de 4º ano da professora Mirela Andrade, na Emef Olavo Bilac, do bairro Fragata, compartilham o sentimento da colega e não brincam quando o assunto é pensar em um lugar melhor. "[Uma cidade boa para morar] não tem restos de construções quebradas na rua. Tem um lugar perto da minha casa que tem resto de obra e aí, quando eu quero andar de bicicleta, tenho que passar pela rua pra desviar", reivindica Eduardo Ludtke, de nove anos.
Menos poluição, mais árvores, variedade de empregos, mais brinquedos nas praças e uma pracinha no pátio vazio da escola são outras prioridades da gurizada, que demonstra olhar crítico "de gente grande" para as demandas da cidade. "Tinha que ter um dia pra todo mundo juntar lixo, tem lugares bem sujos na cidade. Todo mundo ia ajudar a tirar o lixo da rua e reciclar", sugere Isadora Lemos, de dez anos. "Tinha que ter um teto [no pátio da escola] pra gente não se molhar e embarrar quando chove. Também gostaria de ter outras salas aqui na escola, às vezes a gente fica meio espremido nessa aqui", observa outra colega.
Mais cor e solidariedade
Para os estudantes das turmas de 4º ano das professoras Charlise Freitas e Tássia Valente, na Emef Cecília Meireles, do bairro Areal, uma das prioridades é a melhoria da área verde próxima à escola, a Praça da Leocádia. "Tem pouquinho brinquedo e uns estão estragados", reivindica o grupo de 21 crianças, que destaca a falta de balanços e gira-gira. A dupla de amigas Isis Pinto, de nove anos, e Isabelle Silveira, de dez, também sugere uma renovação na escola. "Eles podiam pintar a escola. Podia ser mais colorida", observam.
O cuidado com quem mais precisa também não passou despercebido pelos olhares atentos e curiosos da turma. "[Uma cidade boa] tem que ajudar as pessoas que moram na rua. Quando vou no centro, a gente vê muita gente na rua. A gente tinha que conseguir dinheiro para elas terem onde morar", observa Eduarda Martins, de nove anos. "Também tem que ajudar os cachorros de rua. Tem que ter água, comida e uma casa para eles morarem", complementa o colega Everton Santos, também de nove anos.
Para a Prefeitura, momento de investir na infância
A escolha do tema principal das festividades de 211 anos de Pelotas vem após o lançamento do programa Cidade das Crianças, que busca priorizar as políticas públicas voltadas à infância no Município. A prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) destaca que celebrar o aniversário da cidade a partir desta perspectiva é "comemorar as conquistas que obtivemos até aqui, mesmo em meio a tantas adversidades; é comemorar a potência do presente com a possibilidade de participação de todos, especialmente das crianças, para sonhar a Pelotas que queremos e comemoramos o futuro nascido das sementes que plantamos aqui e agora".
Algumas das demandas dos jovens entrevistados também foram levadas à Prefeitura. Quanto à necessidade de mais brinquedos nas praças, por exemplo, a assessora do Pacto Pelotas Pela Paz, Aline Crochemore, informou que está sendo organizado o inventário das áreas verdes da cidade, sob aspecto quantitativo e qualitativo, o que dará condições para o planejamento da requalificação das áreas. Segundo ela, todas as políticas setoriais estão engajadas para priorizar os desejos das crianças, dos serviços urbanos à cultura; da educação à mobilidade urbana e da segurança pública à saúde.
Participação infantil
A Prefeitura também garante que a expectativa é envolver as crianças nas decisões tomadas pelo poder público. A exemplo do micro parque Arvoredo, construído em 2022 com a colaboração e sugestão de crianças do bairro, a secretária de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana, Carmen Vera Roig, diz considerar muito importante incluir as crianças no desenvolvimento de políticas que as afetam. "O projeto do micro parque é um exemplo positivo de como as crianças podem ser envolvidas nas decisões. Nosso objetivo é criar uma cidade amigável, buscando garantir que os espaços urbanos sejam projetados levando em consideração suas necessidades e permitindo que elas cresçam de maneira saudável, segura e feliz", afirma.
Segundo Aline Crochemore, a escuta das crianças já está sendo implementada na requalificação de praças e áreas verdes, como no território Bom Jesus e em áreas do Bairro Farroupilha e Simões Lopes, e também dentro de Escolas Municipais de Educação Infantil (Emei). O lançamento do Comitê Municipal das Crianças, em agosto, também é destacado pela assessora, que descreve a proposta como um espaço consultivo para dar voz às crianças com representatividade de todos os territórios.
Ranking dos pequenos
Durante as visitas da reportagem, os pequenos entrevistados das Emefs Olavo Bilac e Cecília Meireles também elegeram os lugares que mais gostam na cidade e, ainda, quais as prioridades para uma cidade boa para crescer e viver.
Os lugares preferidos
- Parque Una
- Shopping Pelotas
- Parque da Baronesa
- Laranjal
- Centro
O que não pode faltar
- Praia limpa
- Muitas árvores
- Cuidado com os animais
- Ruas limpas
- Eventos culturais
- Empregos
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